ATMOSFERA DA TERRA É TÃO EXTENSA QUE ULTRAPASSA A LUA, DESCOBREM ASTRÔNOMOS

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Usando dados de observações realizadas pela sonda SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) da ESA/NASA, lançada em dezembro de 1995, uma equipe de astrônomos descobriu que a atmosfera externa da Terra (exosfera) se estende por cerca de 630 mil quilômetros, aproximadamente 50 vezes o diâmetro do planeta ou quase o dobro da distância até a Lua, que em média é de 384 mil quilômetros.

A Lua flutua na atmosfera da Terra. Não sabíamos disso até recuperarmos as observações feitas há duas décadas pela SOHO”, disse Igor Baliukin, do Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia e autor principal do estudo.

Na região onde a atmosfera se funde ao espaço exterior há uma nuvem de átomos de hidrogênio apelidada de “geocorona”. Um dos instrumentos da SOHO, chamado de SWAN, recorreu aos seus sensores para seguir a assinatura de hidrogênio e detectar com precisão o alcance do limite desta região.

Mas, estas observações só podem ser feitas em certas épocas do ano, quando a Terra e a sua geocorona se tornam visíveis para o instrumento. Nos planetas que possuem hidrogênio em suas exosferas, o vapor de água é frequentemente visto perto da superfície. Este fenômeno ocorre na Terra, Marte e Vênus.

[Isto] é especialmente interessante quando procuramos por planetas com possíveis depósitos de água além do nosso Sistema Solar”, explicou Jean-Loup Bertaux, ex pesquisador sênior do SWAN e coautor do artigo.

O primeiro telescópio da Lua, implantado em 1972 pelos astronautas da missão Apollo 16, captou uma imagem chamativa da Terra envolta na sua geocorona, brilhante em luz ultravioleta.

Naquela época, os astronautas na superfície lunar não sabiam que estavam realmente imersos na geocorona”, afirma Bertaux.

O Sol interage com átomos de hidrogênio através de um comprimento de onda específico do espectro ultravioleta, chamado de “série de Lyman“, que estes mesmos átomos podem absorver e emitir. Como este tipo de luz é absorvida pela atmosfera da Terra, só pode ser observada a partir do espaço.

Graças à sua célula de absorção de hidrogênio, o SWAN foi capaz de medir seletivamente entre a série Lyman e a geocorona, descartando os átomos de hidrogênio localizados no espaço interplanetário.

O novo estudo revelou também que a luz solar comprime os átomos de hidrogênio na geocorona no lado diurno da Terra, enquanto produz uma região mais densa no lado noturno. Mesmo a região mais densa no lado diurno ainda é bastante esparsa, com apenas 70 átomos por centímetro cúbico a 60.000 quilômetros acima da superfície da Terra e cerca de 0.2 átomos até a distância da Lua.

Na Terra, chamamos de vácuo, então esta fonte extra de hidrogênio não é significativa o suficiente[…]”, disse Baliukin.

A boa notícia é que essas partículas não representam uma ameaça para os viajantes espaciais em futuras missões tripuladas que orbitem a Lua.

Há também radiação ultravioleta associada à geocorona, já que os átomos de hidrogênio espalham a luz solar em todas as direções, mas o impacto sobre os astronautas na órbita lunar seria insignificante em comparação com a principal fonte de radiação – o Sol”, explicou Bertaux.

O lado negativo é que a geocorona da Terra poderia interferir nas futuras observações astronômicas realizadas nas proximidades da Lua.

Os telescópios espaciais observando o céu em comprimentos de onda ultravioleta para estudar a composição química de estrelas e galáxias precisariam levar isso em conta”, acrescenta Bertaux.

Dados arquivados há muitos anos podem ser explorados para novas ciências. Esta descoberta destaca o valor dos dados coletados há mais de 20 anos e o excepcional desempenho do SOHO”, afirmou Bernhard Fleck, cientista do projeto ESA SOHO.

O artigo foi publicado no periódico Journal of Geophysical Research, Space Physics, disponível neste link.

Meio Info / ESA

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