HOMO NALEDI, O ELO QUE NÃO SE ENCAIXA NA TEORIA DA EVOLUÇÃO HUMANA

HOMO NALEDI, O ELO QUE NÃO SE ENCAIXA NA TEORIA DA EVOLUÇÃO HUMANA

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A descoberta do Homo naledi há cinco anos (uma nova espécie de hominídeo que conviveu na savana sul-africana com os humanos mais próximos ao homem moderno), pode mudar para sempre o que entendemos sobre a evolução.

Uma equipe de pesquisadores russos apresentou em abril deste ano a reconstrução científica da cabeça do misterioso ser, descoberto na África do Sul pelo paleoantropólogo americano Lee Berger, que presenteou seus colegas russos com uma cópia do crânio do naledi. O resultado do trabalho científico foi divulgado em um ato organizado na Universidade Nacional de Ciência e Tecnologia MISiS.

Crânio de um “homo naledi”, datado entre 236.000 e 335.000 anos é parte dos fósseis encontrados por Paul Dirks e Eric Roberts, da Universidade James Cook em 2013, num sistema de cavernas perto da cidade de Magaliesburg, no nordeste da África do Sul. (Imagem fonte: Mental Floss)
Reconstrução do crânio do homo naledi. Imagem fonte: CNN)
 
Demonstração do método de reconstrução. (Imagem fonte: Sputnik News)
Reconstrução científica da cabeça do homo naledi. (Imagem fonte: Sputnik News)

O naledi é – segundo os evolucionistas – metade símio, metade homem

Ao invés de ele responder a perguntas sobre a origem da nossa espécie, é um elo que não se encaixa muito bem na cadeia evolutiva.

Combina aspectos muito primitivos, como o cérebro, mais próprios dos primatas, com outros muito desenvolvidos (como dentes e pernas), que se assemelham aos do homem contemporâneo.”

São muito peculiares. Medem 1,5 metro e têm um cérebro que pesa entre 400 e 600 gramas, no limite que o separa do Australopithecus (primatas bípedes) e do Homo habilis, o primeiro hominídeo considerado humano”, explicou o antropólogo russo Stanislav Drobishevski.

737 elementos fósseis parciais ou completos. O layout do “esqueleto” no centro da foto é um composto de elementos de vários indivíduos do homo naledi. Outros elementos que também foram encontrados não são mostrados nessa imagem devido a sua fragilidade. (Imagem fonte: Wikimedia)

A primeira análise dos restos de 15 indivíduos achados em uma profunda câmara da caverna sul-africana Rising Star fizeram seus descobridores pensar que estavam perante uma das primeiras espécies humanas, que teria vivido há três milhões de anos.

A surpresa foi grande quando as provas de datação revelaram que o naledi viveu há “apenas” 300 mil anos. Neste mesmo período o Homo rhodesiensis – uma das espécies humanas mais próximas ao homem contemporâneo – já caminhava pela savana sul-africana.

A convivência destas duas espécies em um mesmo ecossistema indica que a evolução humana pode ter seguido caminhos diferentes”, afirmou Drobishevski.

Outras espécies humanas conviveram em uma mesma época histórica. Mas, ou eram tão diferentes como o homem e o chimpanzé (como é o caso do Australopithecus e o habilis). Ou habitavam em diferentes continentes ou separados por fronteiras geográficas intransponíveis.

A forma como se relacionavam os naledi e os rhodesiensis, que alguns antropólogos colocam dentro da espécie Homo sapiens, é um mistério.

Puderam cooperar e inclusive cruzar. O genoma de alguns povos africanos como os pigmeus têm genes que ainda não podem ser explicados”, afirmou o antropólogo.

Da mesma forma que os sapiens europeus têm algo de neandertais em seu DNA, o elo perdido nos genes de alguns povos africanos poderia ser herança dos naledi, embora para resolver o mistério seja preciso decifrar o genoma da nova espécie.

Por outro lado, o cérebro dos naledi, de um tamanho similar ao dos hominídeos mais primitivos (3 vezes menor que o cérebro humano atual), e sua caixa torácica de primatas, que lhe impediria de falar, apontam que seu intelecto era muito pouco desenvolvido.

As mandíbulas e os dentes destes hominídeos são inclusive menores que os do homem moderno. Isto rompe um dos postulados da teoria da evolução.

Mandíbula do homo naledi: (A) vista lateral; (B) visão medial; (C) vista basal; (D) vista oclusal. (Imagem fonte: Wikimedia)

Até agora se acreditou que na evolução do homem o tamanho dos dentes sempre se reduz”, disse Drobishevski.

Ao contrário, a curvatura dos dedos das mãos, maior que a dos símios atuais, aponta que podem ter evoluído em algum momento para adaptar-se ao meio no qual viviam.

Mão (à esquerda) e pé (à direita) do homo naledi. (Imagem fonte: Peter Schmid / Will Harcourt-Smith)

A tendência evolutiva é o endireitamento dos dedos. Embora a forma pelas mãos quase coincida com a do homem moderno e seja capaz de construir ferramentas, a curvatura dos dedos rompe todos os modelos nos quais se acreditava até agora”, acrescentou o cientista russo.

Os cientistas acreditam que o naledi podia andar e construir ferramentas como homem e subir em árvores como macaco.

Algumas ferramentas achadas no passado e que se relacionaram com o sapiens, na realidade poderiam pertencer ao naledi. Embora não se tenha encontrado nenhum resto da cultura destes seres, a forma da sua mão indica que eram capazes de fazer instrumentos, apesar de ter um cérebro muito pequeno”, conclui Drobishevski.

Assim como o naledi, existem também diversos animais que, embora tenham cérebro pequeno, constroem e/ou utilizam ferramentas no seu dia-a-dia.

O uso de ferramentas é generalizado e diversificado, mas não é necessariamente um sinal de inteligência. Nem sequer tentamos classificar estes exemplos como racionais ou irracionais”, diz o biólogo Robert W. Shumaker em matéria da National Geographic.

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