Se o ano de 2020 parecia que que nunca iria acabar, você pode se surpreender ao descobrir que, na verdade, este foi o ano mais curto já medido e 2021 deve ser ainda mais rápido.
A Terra tem girado com uma rapidez incomum ultimamente, e 19 de julho de 2020 foi o dia mais curto desde o início dos registros, com o planeta completando sua rotação em 1,4602 milissegundos a menos do que os habituais 86.400 segundos.
O dia mais curto já medido anteriormente foi em 2005, porém em 2020 foram 28 vezes que isso ocorreu e 2021 está a caminho de ser o ano mais curto (ou rápido) de todos os tempos, com o dia médio passando 0,5 milissegundos mais rápido do que o normal.
As mudanças na duração de um “dia padrão” só foram descobertas depois que relógios atômicos de alta precisão foram desenvolvidos na década de 60 e comparados com estrelas fixas no céu. Nas últimas décadas, a velocidade rotacional média da Terra diminuiu consistentemente e os cronometristas foram forçados a adicionar 27 segundos ao tempo atômico desde 1970 para manter os relógios sincronizados, ou seja, os dias estavam ficando mais longos.
No entanto, agora está acontecendo exatamente o contrário, já que o planeta está acelerando e um segundo negativo pode ser necessário em breve para que os relógios atômicos se alinhem corretamente com a rotação do planeta. Seria a primeira vez na história que um segundo seria removido dos relógios globais.
Peter Whibberley, pesquisador sênior do grupo de tempo e frequência do National Physical Laboratory (EUA), disse:
É certo dizer que a Terra está girando mais rápido agora do que em qualquer momento nos últimos 50 anos. É bem possível que um segundo bissexto negativo seja necessário se a taxa de rotação da Terra aumentar ainda mais, mas é muito cedo para dizer se isso acontecerá. Também há discussões internacionais ocorrendo sobre o futuro dos segundos bissextos, e também é possível que a necessidade de um segundo bissexto negativo pode levar à decisão de encerrar os segundos bissextos para sempre.”
Embora levasse centenas de anos para que a diferença se tornasse óbvia para a maioria das pessoas, os modernos sistemas de comunicação e navegação por satélite (GPS) dependem do tempo ser consistente com as posições convencionais do Sol, da Lua e das estrelas.
É tarefa dos cientistas e funcionários do Serviço Internacional de Rotação da Terra, com sede em Paris, monitorar a rotação do planeta e informar os países quando os segundos devem ser adicionados ou retirados com seis meses de antecedência. No entanto, pode haver consequências quando se mexe com o tempo.
Quando um segundo foi adicionado em 2012, Mozilla, Reddit, Foursquare, Yelp, LinkedIn e StumbleUpon relataram travamentos e problemas com o sistema operacional Linux e programas escritos na linguagem de programação Java.
A velocidade de rotação da Terra varia constantemente por causa do movimento complexo de seu núcleo derretido, oceanos e atmosfera, bem como o efeito de corpos celestes como a lua. A fricção das marés e a mudança na distância entre a Terra e a Lua causam variações diárias na velocidade de rotação do planeta em torno de seu eixo.
Até a neve acumulando-se nas montanhas e derretendo no verão pode mudar a rotação do planeta. O aquecimento global também terá um efeito ao derreter o gelo e a neve em altitudes mais elevadas, fazendo com que a Terra gire mais rápido, embora apenas por uma pequena quantidade.
Alguns países querem mudar para a hora atômica completamente e abolir as correções do “segundo bissexto“, mas o Reino Unido se opõe à mudança porque isso cortaria a ligação com o tempo solar para sempre.