Material descartado após o preparo da bebida ainda pode ser usado para biodiesel e adubo de plantas. Estudo diz que material é um filtro 3 vezes mais eficiente do que carvão ativado. Pesquisadores do Timor Leste e da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram um filtro natural para obter água potável. Eles fizeram isso de uma forma simples e barata.
Nas casas das pessoas, depois que o café passa pelo coador, o destino do pó é o mesmo: vai tudo para o lixo. Mas, na UFG, não. Os pesquisadores descobriram, depois de seis anos de estudos, que a borra de café pode ter muitas outras utilidades.
Depois de fazer inúmeros testes para verificar se o material poderia reter mais poluentes, como metais tóxicos e agrotóxicos, foi comprovado que ele é muito mais eficiente do que o carvão ativado, existente nos purificadores, que custam, em média, R$ 400. Então, criamos algo que é muito mais barato, eficiente a partir de algo que iria para o lixo”, destaca Julião.
Misturada a solventes, os cientistas conseguiram extrair da borra o óleo que depois vira biodiesel; o aroma que é usado para fazer, por exemplo, balinha de café; fertilizante para adubar plantas; e a torta de café, que, apesar do nome, não é de comer.
Temos na torta de café um material que consegue garantir uma excelente qualidade para a água fornecida para o consumidor”, explica o coordenador da pesquisa Nelson Antoniosi.
A pesquisa começou quando Julião chegou do Timor Leste, onde nasceu. No país devastado por sucessivas guerras, menos de 20% da população tem acesso à água potável. A vinda do pesquisador para o Brasil tinha uma única finalidade: Produzir um filtro barato e acessível gratuitamente para a população, conta Julião.
Nas mãos dos pesquisadores, a garrafa pet vira um filtro. Eles colocam uma membrana plástica, que funciona com uma rede de proteção, depois vai algodão, um punhado de torta de café e mais uma camada de algodão. Quando a água contaminada passa pela torta, os poluentes acabam retidos no filtro.
O gosto é de água normal. Agora Julião já pode voltar ao Timor Leste, levando na bagagem a invenção desenvolvida com os brasileiros.
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