Os cientistas sabem que a maioria das espécies que já existiram estão extintas. De acordo com a Teoria da Evolução, essa extinção de espécies foi, em geral, balanceada pela origem de novas espécies ao longo da história da Terra, com alguns grandes desequilíbrios temporários que chamam de eventos de extinção em massa.
A maioria dos cientistas acreditam que essas extinções em massa criam períodos produtivos de evolução das espécies, chamadas de “radiações”, um modelo conhecido como “destruição criativa”. No entanto, novas análises fornecem evidências para resultados diferentes disso.
Um novo estudo conduzido por cientistas afiliados ao Earth ‐ Life Science Institute (ELSI) no Tokyo Institute of Technology, usou o aprendizado de máquina (Inteligência Artificial) para examinar a co-ocorrência de espécies fósseis, examinando mais de um milhão de entradas em um enorme banco de dados público com curadoria, incluindo quase duzentas mil espécies.
Os cientistas descobriram que as radiações e extinções raramente estão conectadas, e, portanto, extinções em massa não causariam radiações em massa.
A ideia de que as extinções em massa permitem que muitos novos tipos de espécies evoluam é um conceito central da macroevolução. Mas, a partir desse novo estudo, parece que os cientistas deverão se debruçar em outra explicação.
Este estudo comparou os impactos da extinção e da radiação ao longo do período para o qual os fósseis estão disponíveis, o chamado Eon Fanerozóico. O Fanerozóico (do grego “vida aparente”) representa o período mais recente de 550 milhões de anos da história total da Terra e é significativo para os paleontólogos porque, antes deste período, a maioria dos organismos que existiam eram micróbios, que não formavam fósseis facilmente, o que torna o registro evolutivo anterior difícil de observar.
Os resultados sugerem que a destruição criativa não é uma boa descrição de como as espécies se originaram ou foram extintas e que muitos dos momentos mais notáveis da radiação evolutiva ocorreram quando a vida entrou em novas arenas evolucionárias e ecológicas, como durante o Cambriano, quando houve explosão da diversidade animal e expansão carbonífera dos biomas florestais.
O método objetivo de inteligência artificial identificou nos dados os cinco grandes eventos de extinção em massa já descritos pelos paleontólogos, como a extinção em massa do fim do Permiano, na qual estima-se que mais de 70% das espécies foram extintas. Mas demonstrou que eles estão entre os 5% principais eventos de perturbações significativas em que a extinção ultrapassou a radiação ou vice-versa.
A inteligência artificial também identificou sete extinções em massa adicionais nunca antes descritas, dois eventos combinados de extinção em massa e radiação, além de quinze radiações em massa.
Surpreendentemente, em contraste com as narrativas anteriores, que enfatizam a importância das radiações pós-extinção, o estudo demonstrou que as radiações em massa e as extinções raramente estiveram conectadas no tempo, o que refuta a ideia de uma relação causal (causa/efeito) entre elas.
O estudo completo foi publicado na revista científica Nature e está disponível neste link.
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