Os maiores icebergs que se rompem na Antártida, inesperadamente podem estar ajudando a retardar o aquecimento global quando eles se derretem no frio oceano austral, conforme afirmou um grupo de cientistas em 11/01/16.
Os raros icebergs do tamanho de Manhattan (Nova Iorque/EUA), que podem se tornar mais frequentes nas próximas décadas devido às mudanças climáticas, lançam um grande rastro de ferro e outros nutrientes que agem como fertilizantes para as algas e outros organismos semelhantes a minúsculas plantas no oceano.
À medida que crescem, vão extraindo o dióxido de carbono da atmosfera, um aliado natural dos esforços humanos para limitar o ritmo da mudança climática, causada pelas emissões de gases do efeito estufa causados pelo homem.
O oceano floresce na esteira de icebergs gigantes da Antártida que absorvem de 10 a 40 milhões de toneladas de carbono por ano, estima o estudo, mais ou menos o equivalente às emissões anuais de gases de efeito de estufa pelo homem em países como a Suécia ou a Nova Zelândia.
Até agora, o impacto da fertilização do oceano a partir do fim de icebergs gigantes, definido como pedaços de gelo flutuantes a mais de 10 milhas náuticas (18 km) ou quase o tamanho de Manhattan, era considerado pequeno e localizado.
Ficamos muito surpresos ao descobrir que o impacto pode se estender até 1.000 quilômetros”, dos icebergs, afirmou o professor Grant Bigg, da Universidade de Sheffield, um dos autores do estudo publicado na revista Nature Geoscience.
Os cientistas estudaram imagens de satélite de 17 icebergs gigantes da Antártida no período entre 2003 e 2013 e descobriram que as algas poderiam esverdear a água por até centenas de quilômetros em torno dos icebergs, com nutrientes espalhados por ventos e correntes.
Existem 30 icebergs gigantes flutuando ao longo da Antártida – eles podem durar anos.
O estudo informa que os icebergs gigantes tiveram um impacto desproporcional na promoção da fertilização do oceano quando comparados com pequenos icebergs.
O professor Bigg observou que as emissões globais de gases do efeito estufa provocadas pelo homem vinha crescendo em cerca de 2% ao ano.
Se os icebergs gigantes não estivessem lá, seria 2,1 a 2,2%”, disse ele.
Ken Smith, especialista do Instituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Monterey, na Califórnia, que revisou o estudo, disse ter encontrado novas descobertas “convincentes”.
Os cientistas da Universidade de Sheffield observaram outras estimativas de que a quantidade de gelo quebrando Antártida tinha aumentado em 5% nas últimas duas décadas e que era provável que aumentasse no futuro com o aquecimento, que por sua vez, poderia estimular mais fertilização no oceano.
Estudo completo na revista científica Nature Geoscience – Enhanced Southern Ocean marine productivity due to fertilization by giant icebergs. doi:10.1038/ngeo2633. 11 January 2016 [acessível através deste link]
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