FLORESTA AMAZÔNICA JÁ FOI LAR DE MILHÕES DE PESSOAS, AFIRMA NOVO ESTUDO

FLORESTA AMAZÔNICA JÁ FOI LAR DE MILHÕES DE PESSOAS, AFIRMA NOVO ESTUDO

Compartilhar

Antes dos invasores ibéricos explorarem a América do Sul, comunidades esparsas de povos nômades se agruparam em torno do rio Amazonas, com pequenas tribos nômades deixando a floresta tropical circundante intacta e intocada. Mas, será que foi assim mesmo?

Um novo estudo sugere uma história muito diferente.

O estudo financiado em parte pela National Geographic Society e publicado no periódico Nature Communications desafia uma percepção comum da floresta amazônica pré-colombiana como escassamente povoada.

Ao que tudo indica, o sul da Amazônia foi repleta de grandes aldeias, centros cerimoniais e uma população muito maior do que se imaginava anteriormente antes da chegada dos europeus.

As florestas interfluviais (terra firme), que representam cerca de 95% da Amazônia, são particularmente desconhecidas.

Essas áreas foram negligenciadas arqueologicamente, seguindo as visões tradicionais de que as pessoas pré-colombianas se concentravam em várzeas ricas em recursos. Essa percepção perdurou apesar dos relatos do século 16 sobre grandes aldeias interconectadas, que vão contra as suposições modernas.

No entanto, a descoberta de grandes terraplanagens pré-colombianas em terra firme ao longo da margem sul da Amazônia prejudica a suposição de que essas áreas eram marginais em termos de impacto humano antigo e desenvolvimento de sociedades complexas.

Muita gente tem a imagem de que é um paraíso intocado”, disse Jonas Gregório de Souza, arqueólogo da Universidade de Exeter, que colaborou no projeto.

Grande parte da região é inexplorada e coberta por florestas densas.

Por isso, tem sido inacessível para os pesquisadores interessados em aprender mais sobre a vida longe do grande rio Amazonas. Até agora!

A equipe usou imagens de satélite para tentar identificar antigos geoglifos – provavelmente usados para cerimônias – em partes inexploradas do estado brasileiro de Mato Grosso, que também faz parte da Amazônia Legal.

Depois, já com as coordenadas dos prováveis geoglifos, eles foram a campo – às vezes literalmente, já que grandes áreas de terra na região são usadas para a agricultura. E cada um dos 24 alvos que visitaram foram certeiros.

Tudo fazia sentido. Nós sabíamos que estávamos em uma área especial”, diz de Souza.

Em um local, a equipe foi mais fundo. Localizaram cerâmicas e carvão sugerindo uma aldeia que datava de cerca de 1410 d.C.

De volta ao escritório, eles costumavam prever onde outros sítios poderiam estar localizados, criando um modelo de computador que levava tudo em consideração, desde a elevação até o pH do solo e a precipitação.

Construtores pré-colombianos se estabeleceram ao longo de toda a margem sul da Amazônia. Distribuição de terraplenagem e outros sítios da Amazônia.
Imagem fonte: Nature

O modelo apontou que as pessoas teriam construído geoglifos em áreas de maior altitude, com grandes variações nas estações e temperaturas. O modelo também mostrou que as pessoas nem sempre construíam perto dos rios, ideia que também vai contra as suposições modernas.

É provável que existam 1,3 mil geoglifos e aldeias em uma área de quase 400 mil km² do sul da Amazônia, dois terços dos quais ainda não foram encontrados.

E ainda foram previstas densidades populacionais muito maiores do que o esperado. A equipe acredita que entre 500 mil e 1 milhão de pessoas já viveram em apenas 7% da bacia amazônica. Isso vai contra estimativas anteriores de que apenas 2 milhões de pessoas viviam em toda a bacia.

A distribuição dos sítios em potencial sugere que eles eram interconectados, vilarejos avançados e fortificados por 1,7 mil quilômetros que floresceram entre 1200 e 1500 d.C.

Precisamos reavaliar a história da Amazônia”, explana José Iriarte, arqueólogo da Universidade de Exeter, Explorador da National Geographic, e primeiro autor do artigo, em comunicado à imprensa.

O que aconteceu com a população que vivia nas florestas?

Souza comenta que muitos morreram depois da conquista europeia da região. Doenças e genocídio acabaram com aldeias inteiras, e outros tantos abandonaram completamente a agricultura. Porém, os vestígios deixados para trás indicam que ainda há muito para aprender sobre essa civilização desaparecida.

Eles tinham de estar constantemente em movimento”, explica.

O artigo publicado na Nature está disponível neste link.

Meio Info / National Geographic

Compartilhar

4 thoughts on “FLORESTA AMAZÔNICA JÁ FOI LAR DE MILHÕES DE PESSOAS, AFIRMA NOVO ESTUDO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.