Desde que os astrônomos começaram a detectar planetas além do nosso sistema solar, eles vêm tentando encontrar um outro mundo como a Terra.
Em julho de 2015 a NASA confirmou a existência do exoplaneta Kepler-452b, a cerca de 1.400 anos luz de distância. Era o primeiro planeta próximo da Terra na chamada “zona habitável”, orbitando sua estrela em 385 dias. Por apresentar condições semelhantes às que permitem a vida na Terra, foi apelidado de “primo distante” por astrônomos da agência.
O problema agora é que alguns astrônomos dizem que não é possível saber com certeza se esse exoplaneta realmente existe.
Há novas informações que agora podemos quantificar, o que nos diz algo que não sabíamos antes. Não que a ciência [em 2015] tenha sido descuidada, é só que, desde então, os pesquisadores aprenderam mais sobre as imperfeições do telescópio. Eu meio que odeio dizer isso porque o Kepler era um instrumento absolutamente maravilhoso. Foi excelente na qualidade dos dados que pôde detectar. Mas nada é perfeito”, diz Fergal Mullally, astrônomo que fez parte da equipe científica do Telescópio Espacial Kepler da NASA.
Em 2015, os cientistas já tinham uma lista de eventos que poderiam levar a um alarme falso indicando um exoplaneta, como o brilho causado por duas estrelas se aproximando. Entretanto, com o passar dos anos, os cientistas perceberam que outros eventos, como a variação natural do brilho de estrelas ou mesmo raios cósmicos incidindo nas lentes do telescópio, poderiam imitar acidentalmente todo o padrão que indica um planeta em órbita.
Essa nova compreensão é a razão pela qual Mullally e alguns colegas decidiram voltar e dar uma nova olhada no Kepler-452b.
Nós dissemos às pessoas que há um planeta lá. O quanto estamos confiantes de que há um planeta lá agora que sabemos dessa outra fonte de ruído?”
A resposta é: não muito confiantes, diz Mullally sobre as chances de que este planeta seja real.
Eu diria que é mais de 50% e menos de 90%. Esse é o meu pressentimento.”
De acordo com o pesquisador do MIT, Chris Burke, que integrava a equipe de pesquisa:
Para que um planeta seja confirmado, os astrônomos preferem ter mais de 99% de certeza.”
Você não quer ser a pessoa que dará más notícias, mas às vezes ela é a verdade”, disse ele.
A NASA, através de um porta-voz, declarou que:
A nova análise é um exemplo do método científico em ação e da maneira como a ciência é um processo em evolução, à medida que novas informações nos desafiam a revisar nosso pensamento e a sintonizar nossas hipóteses. Isso leva ao nosso crescimento contínuo do conhecimento em ciência exoplanetária e em outros campos da astronomia.”
Ainda assim, mesmo que o “primo da Terra” realmente não exista, Chris Burke não quer que as pessoas fiquem decepcionadas:
Há milhares de outros planetas impressionantes por aí”, diz ele.