Cada uma das nossas células cerebrais poderia funcionar como um minicomputador, de acordo com o primeiro registro de atividade elétrica em células humanas em um nível de detalhamento super fino. O estudo revelou uma diferença estrutural fundamental entre os neurônios humanos e de camundongos, o que pode explicar nossos “poderes superiores de inteligência” sobre os demais seres vivos do planeta.
As células cerebrais, ou neurônios, comunicam-se disparando impulsos elétricos em seu comprimento, que os pesquisadores podem detectar e medir colocando eletrodos microscópicos dentro deles. Foram utilizados neurônios de roedores vivos, pois os cientistas precisavam que as células ficassem vivas por várias horas.
Mark Harnett, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), queria ver como os neurônios humanos eram comparados com os dos camundongos, e para isso ele utilizou tecido vivo obtido de cirurgiões que removiam pequenos pedaços de cérebro de pessoas com epilepsia.
A equipe de Harnett usou então eletrodos muito finos para registrar a atividade dentro dos ramos mais finos, conhecidos como dendrites, no final do tronco cerebral.
Cada neurônio pode ter cerca de 50 dendritos e cada dendrito tem centenas de sinapses ou pontos de conexão com outros neurônios. São sinais correndo através dessas sinapses e dentro do dendrito que tornam mais ou menos provável que o próprio dendrito lance um sinal elétrico ao longo de seu comprimento.
Em comparação com as cobaias, os dendritos dos neurônios humanos mostraram menos canais de íons, moléculas inseridas na membrana externa da célula que deixam a eletricidade fluir ao longo do dendrito. Embora isso possa parecer uma desvantagem, a verdade é que essa característica poderia dar maiores poderes de computação para cada célula do cérebro humano.
Imagine um neurônio de camundongo: se um sinal iniciar um dendrito, existem tantos canais iônicos para conduzir eletricidade que o sinal provavelmente continuará no tronco principal do neurônio. Em um neurônio humano, pelo contrário, é menos provável que o sinal conduza para o tronco principal: se dependerá da atividade em outros dendritos”, diz Harnett.
Isso permite que as milhares de sinapses dos dendritos de cada neurônio determinem coletivamente a “decisão” final sobre se o ramo principal deve disparar.
Eles estão procurando padrões específicos de entrada para se unirem e assim produzir [um sinal]”, diz Harnett.
O estudo foi publicado na revista científica Cell, disponível neste link.
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