Médica oculta estudo financiado com impostos sobre bloqueadores de puberdade após não mostrar benefícios à saúde mental.
Uma médica que dirige a clínica “transgênero” no Hospital Infantil de Los Angeles (Estados Unidos) impediu a publicação de um estudo federal de US$ 6 milhões sobre bloqueadores de puberdade, pois os resultados não mostraram nenhum benefício para a saúde mental das crianças que receberam esses medicamentos para transição de gênero, segundo a reportagem do jornal The New York Times (NYT).
Johanna Olson-Kennedy, principal pesquisadora do estudo e diretora médica do Centro de Saúde e Desenvolvimento Transjuvenil, é uma defensora veemente de permitir que médicos forneçam bloqueadores de puberdade para crianças com disforia de gênero.
Os pesquisadores, que receberam quase US$ 6 milhões do Instituto Nacional de Saúde (NIH), administraram bloqueadores de puberdade a 95 crianças com disforia de gênero para analisar se esses medicamentos melhoravam sua saúde mental. A idade média das crianças inscritas no estudo era inferior a 11 anos e meio.
Olson-Kennedy e seus colegas iniciaram o estudo em 2015 e planejavam acompanhar o desenvolvimento da saúde mental das crianças ao longo de dois anos. Quando um repórter do NYT perguntou por que ela ainda não havia publicado nenhum resultado após nove anos, Olson-Kennedy expressou preocupações de que as descobertas pudessem fortalecer as críticas ao uso de bloqueadores de puberdade em menores.
Impacto político? Mas, e a ciência?
A pediatra admitiu ao NYT que os pesquisadores não encontraram evidências de que os bloqueadores de puberdade melhoravam a saúde mental das crianças. Em vez de publicar os resultados, ela ocultou os achados devido ao potencial impacto político.
Eu não quero que nosso trabalho seja usado como arma. Tem que ser exatamente preciso, claro e conciso. E isso leva tempo”, disse Olson-Kennedy, segundo o NYT.
Segundo o NYT, Olson-Kennedy disse estar preocupada com os estados que proíbem ou restringem médicos de oferecer bloqueadores de puberdade para crianças – uma questão que será julgada pela Suprema Corte dos EUA em dezembro de 2024.
Ainda, de acordo com o NYT, Olson-Kennedy tentou explicar a ausência de melhorias na saúde mental dizendo que as crianças estavam…
em ótima forma [mental] quando ingressaram, e permanecem em ótima forma após dois anos [recebendo os bloqueadores de puberdade].”
Contra a parede
Os repórteres do NYT pressionaram Olson-Kennedy sobre a alegação de outros pesquisadores que já haviam relatado anteriormente que quase 30% das crianças sofriam de depressão ao ingressar no estudo, sendo quase um quarto delas tinha pensamentos suicidas e cerca de 8% tentaram suicídio. Ela afirmou estar se referindo às médias dos dados, mas que ainda estava analisando [desde 2015?] o conjunto completo de dados.
Olson-Kennedy também está trabalhando em um estudo com outros pesquisadores para analisar se bloqueadores de puberdade e outras terapias hormonais transgênero afetam o desenvolvimento ósseo. Embora planejassem publicar esses resultados em 2019, também não foram divulgados até o momento.
Críticos dos bloqueadores de puberdade para crianças estão questionando a ética e a integridade da pesquisa após essa revelação da matéria do New York Times.
A integridade científica e financeira exige a divulgação de pesquisas financiadas pelos contribuintes, independentemente de os pesquisadores ou outros gostarem dos resultados”, disse Jane Anderson, vice-presidente do Colégio Americano de Pediatras, ao CNA.
Já aconteceu antes
Esta não é a primeira vez que profissionais de saúde suprimem informações que levantam questões sobre a eficácia das transições de gênero para crianças.
Em 2021, a Associação Profissional Mundial para a Saúde Transgênero (WPATH) alterou diretrizes baseadas em idade para medicamentos e cirurgias transgênero para menores após enfrentar pressão do governo Biden. A associação removeu sua idade mínima recomendada para cada procedimento com base em preocupações de que as sugestões alimentariam críticas ao uso de bloqueadores de puberdade em crianças.
Mais de 20 estados americanos proibiram ou restringiram médicos de realizar transições de gênero em crianças, assim como vários países na Europa.
No início deste ano, médicos do Reino Unido interromperam o uso de bloqueadores de puberdade para crianças com disforia de gênero após uma revisão independente constatar que não havia evidências abrangentes para apoiar a prescrição rotineira de medicamentos transgêneros para menores com disforia de gênero.
Alguns estudos também revelaram preocupações significativas sobre bloqueadores de puberdade, incluindo um estudo da Mayo Clinic publicado no início de 2024 que descobriu que meninos podem sofrer danos irreversíveis com esses medicamentos, como problemas de fertilidade e atrofia dos testículos.
Outro estudo de 15 anos realizado por pesquisadores na Holanda revelou que dois terços das crianças que desejavam pertencer ao sexo oposto na adolescência se tornaram confortáveis com seu sexo biológico na idade adulta.