A POLUIÇÃO DO AR É UM FATOR DE RISCO PARA O ALZHEIMER, DIZ NOVO ESTUDO COM MILHARES DE IDOSOS

A POLUIÇÃO DO AR É UM FATOR DE RISCO PARA O ALZHEIMER, DIZ NOVO ESTUDO COM MILHARES DE IDOSOS

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Um novo estudo abrangente envolvendo milhares de idosos nos EUA, descobriu que aqueles que viviam em bairros com níveis mais elevados de poluição do ar por veículos, indústrias e incêndios florestais tinham maior probabilidade de ter placas amiloides no cérebro – uma marca registrada da doença de Alzheimer, o tipo mais comum de demência que causa perda de memória e afeta o comportamento e a capacidade cognitiva.

O estudo “IDEAS” (Imaging Dementia – Evidence for Amyloid Scanning, ou Demência por imagem [tomográfica] – evidência de varredura de amiloide), liderado pela Universidade da Califórnia, em São Francisco (UCSF), foi publicado na revista científica de medicina JAMA Neurology. A equipe analisou imagens do cérebro de mais de 18.178 idosos, de vários Estados americanos, que tinham em média 75 anos de idade. Todos os que participaram do estudo tinham demência ou deficiência cognitiva leve. Cerca de 40% dos participantes não mostraram evidências das placas amiloides nos exames realizados, sugerindo que eles tinham um tipo diferente de demência.

Aqueles idosos que viviam em áreas com ar mais poluído tiveram uma probabilidade 10% maior de aparecimento das placas amiloides em comparação com aqueles que viviam em áreas com ar mais limpo. Como quase 6 milhões de americanos têm a doença de Alzheimer, isso sugere que a poluição do ar pode estar envolvida em dezenas de milhares de casos.

Dados da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) foram usados ​​para estimar a poluição do ar na vizinhança de cada participante. A equipe do estudo analisou o ozônio ao nível do solo – um perigoso poluente atmosférico que em grande parte constitui o que é conhecido como “poluição atmosférica”. Eles também examinaram o PM2.5, minúsculas partículas de poluição que são 40 vezes menores que a espessura de um fio de cabelo humano (ou 2,5 micrômetros). O PM2.5 é oriundo da queima de combustíveis fósseis, de escapamentos dos veículos, poluição industrial e de incêndios florestais.

O Dr. Gil Rabinovic, do Centro de Envelhecimento e Memória da UCSF e que fez parte do estudo, disse que as concentrações gerais de PM2,5 não seriam consideradas muito altas para serem associadas às placas, totalizando médias anuais em São Francisco
enquanto o estudo estava ocorrendo.

Eu penso que foi muito apropriado que a poluição do ar tenha sido adicionada aos fatores de risco modificáveis ​​destacados pela Comissão de Demência da Lancet”, disse o Dr. Rabinovic.

The Lancet, uma das revistas médicas mais antigas e conhecidas do mundo, decidiu em 2020 incluir a poluição do ar, junto com o consumo excessivo de álcool e lesão cerebral traumática, em uma lista de fatores de risco do Alzheimer. Estudos em outras partes do mundo mostraram descobertas semelhantes sobre poluição do ar e deficiência cognitiva, demência e Alzheimer.

Um estudo de 2018 na China relacionou a exposição de longo prazo à poluição do ar com notas baixas em testes verbais e matemáticos. Outro estudo de 2018 , publicado no British Medical Journal, encontrou evidências de uma ligação entre os níveis residenciais de poluição do ar em Londres e o diagnóstico de demência.

E, como acontece com as mudanças climáticas e outras formas de poluição ambiental, nem todos são afetados igualmente. Um relatório de 2017 da NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, dos EUA) e da Força-Tarefa do Ar Limpo, intitulado “Fumes Across the Fence-Line” (algo como “Fumaça além dos limites de vedação”, em tradução livre), revelou que os negros americanos têm 75% mais probabilidade do que outros americanos de viver perto de instalações de petróleo e gás que expelem poluentes tóxicos.

Em junho, um outro estudo impactante relacionou a poluição do ar aos efeitos nocivos sobre a gravidez, nos Estados Unidos. As mulheres grávidas expostas a condições ambientais perigosas têm maior probabilidade de ter bebês prematuros, com baixo peso ou natimortos, com mães negras e seus bebês o risco é ainda maior.

O estudo completo está disponível neste link.

Meio Info / Independent

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